Danilo Matoso Macedo
Elcio Gomes da Silva
– jan. 2016 –
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Resumo
A produção arquitetônica de Oscar Niemeyer (1907-2012) pode ser dividida em, pelo menos, três fases principais. Os trabalhos iniciais, de 1935 a 1955, caracterizados pelo tão aclamado Brazilian Style, que habilmente combinava estrutura independente, cortinas de vidro e telhados jardins, com planos de formas livres, abóbadas curvas, dispositivos de proteção solar e revestimentos coloridos – todos esses elementos integrados a um exuberante paisagismo de espécies tropicais. Em meados da década de 50, sobretudo com o início dos trabalhos de Brasília, Niemeyer progressivamente busca a simplificação da forma plástica em sua arquitetura, preferindo, segundo suas palavras, “soluções compactas, simples e geométricas, com edifícios que não mais se exprimam por seus elementos secundários, mas pela própria estrutura, devidamente integrada na concepção plástica original”). A partir dos anos 70, a estrutura torna-se completamente subordinada às formas livres, que deixam de ser determinadas pela estática ou por princípios geométricos. A relação entre forma e estrutura – ou a falta dela– é o ponto fulcral nas transições identificadas e, portanto, o dialogo entre arquiteto e engenheiro calculista pode também ser considerado como determinante. Nesse contexto, Joaquim Cardozo (1897-1978) foi o interlocutor mais relevante – se não em número de projetos, certamente o foi em importância. Cardozo não apenas calculou e projetou as estruturas para as soluções formais do arquiteto, mas também com ele estabeleceu uma real colaboração, vastamente documentada em projetos e nos diversos textos que publicou acerca de engenharia, estética, história da arte e, evidentemente, arquitetura. No panorama histórico e nos detalhes dessa relação, reside a chave para compreender as fases da produção de Niemeyer e as contribuições delas advindas para a arquitetura brasileira.
Publicação original
Macedo, Danilo Matoso, e Elcio Gomes da Silva. “Contribuições de Joaquim Cardozo à arquitetura de Oscar Niemeyer”. In Oscar Niemeyer: possíveis outros olhares, por Anna Paula Canez, Wilson Flório, e Alex Carvalho Brino, 135–54. Novos Conhecimentos. Porto Alegre: Sociedade de Educação Ritter dos Reis, 2016.