Brasília, DF, 2007
Arquitetura: Danilo Matoso Macedo
O proprietário desta residência, no bairro do Lago Sul de Brasília, crescera nas imediações.
A janela do seu quarto abria-se para a vista do Lago Paranoá a noroeste, com a área monumental da cidade na margem oposta. Uma paisagem cuja evolução ele acompanhara, e que desejava manter ou ampliar.
A casa foi quase integralmente elevada sobre pilotis, no limite da altura permitida pela legislação, possibilitando a vista desejada por sobre os telhados dos vizinhos.
Por se tratar de um jovem casal ainda sem filhos, o programa básico (sala, escritório, quartos, cozinha e área de serviço) foi distribuído apenas no nível superior, facilitando os trajetos rápidos cotidianos, mais frequentes quando as crianças são pequenas.
Os ambientes internos foram dispostos de modo a priorizar a visão da paisagem, agora convertida em motivo central do projeto – reverência complementada por um “deck panorâmico” disposto livremente sobre a laje de cobertura.
De modo a evitar um pé-direito avantajado devido à elevação do bloco principal, o térreo foi tratado com aterros escalonados.
A garagem encontra-se num nível intermediário, juntamente com um serviço dotado de monta-cargas e da instalação temporária de empregado, de modo a ocultar os veículos para os usuários da varanda acima.
Um pequeno “apartamento” de dois quartos foi pensado para a ocupação futura do pilotis, num segundo momento da vida familiar, em que os filhos demandariam mais independência – previsão de execução adiantada pelo cliente já no primeiro momento da obra, conferindo autonomia funcional à área de lazer e permitindo seu uso por eventuais hóspedes.
O sistema estrutural, ordenado em vãos relativamente convencionais de 5,4m e 6m comandou edificação, com uma rigorosa modulação de 60cm a que se ajustam todos os elementos e componentes.
Vigas-faixa e lajes nervuradas possibilitaram a solução dos tetos planos, mesmo nos balanços avantajados que permitem à casa debruçar-se sobre a paisagem.
Abrem-se diretamente para a vista a sala, o escritório, e o quarto de casal – mediado por uma varanda – e indiretamente a cozinha, conectada à sala de jantar por grandes painéis corrediços.
A integração entre estes dois ambientes é reforçada pela bancada contínua, encimada por um jogo de armários e janelas conjugados, que abrem ainda vista frontal, da rua.
Para proteger os ambientes internos da inclemência do sol na fachada noroeste, a da paisagem, foram adotados beirais de um metro e um espesso peitoril revestido com mármore, garantindo a proteção nas horas mais quentes do dia.
Para a janela em fita, a solução encontrada foi o uso de toldos perfurados reguláveis,
afixados numa caixa externa completamente independente das janelas, e solto da laje o suficiente para permitir a entrada direta apenas da luz do pôr-do-sol, sem bloquear completamente a visão.
A faixa transparente de aproximadamente 40cm junto à laje circunda todo o volume elevado, trazendo ao interior as diversas nuances da luz do sol ao longo do dia, tornando mais palpável a passagem do tempo.
O registro temporal, em outra duração, também foi determinante na escolha de materiais de revestimentos “patináveis” dos arrimos do térreo – pedra-de-Pirenópolis bruta – e da fachada acima – mármore bege-Bahia cortado a 60cmX15cm.
Seguindo a mesma lógica clássica, por assim dizer, um piso de pedra portuguesa disposto em formas livres integra vegetação, áreas internas e externas no térreo, enquanto um simples porcelanato pavimenta andar superior, disposto segundo a modulação do conjunto.
Ficha técnica
Arquitetura: Danilo Matoso Macedo
Colaboração: Angela Nemer, Simone Fonseca, Viviane Berlim
Ano projeto: 2007
Área construída: 355 m²
Área do terreno: 800 m²
Estrutura: Marcello Usai
Instalações: Projet
Ano construção: 2012
Fotografias: Joana França
Publicado em:
- Revista PROJETODESIGN (n.390, AGO.2012)
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